"(...) Continuava imóvel, agora perdida em pensamentos.
- Sabem, Mesdames - disse por fim - essa gente pertencia-me, eram todos meus. Haviam sido educados, a um custo que as senhoras, pobrezinhas, não imaginam e nem sequer haviam de acreditar se vos dissesse; foram ensinados a compreender a grandeza da minha arte. Eu podia fazê-los felizes. Quando me esmerava, fazia-os completamente felizes.
Fez uma pausa breve.
(...) Philippa acercou-se de Babette e abraçou-a. Sentiu o corpo da cozinheira como estátua de mármore contra o seu, que, esse sim, tremia da cabeça aos pés.
Por momentos ficou incapaz de falar. Depois murmurou:
- Mas isto não é o fim! Sinto, Babette, que isto não é o fim. No Paraíso há-de ser a grande artista que Deus quis que fosse!
E disse ainda, com lágrimas correndo-lhe pelas faces:
-Ah, Babette, e os anjos serão felizes!"
As últimas frases de "A Festa de Babette", Karen Blixen
O fim de um ciclo. Com tudo o que tem de bom e de nostálgico, também. Mas ponderado e desejado. Obrigada por terem feito parte deste sítio quotidiano.
Sejam também felizes!