Confesso que fiz batota nesta participação... Em vez de escolher a receita que prepararia para um determinado Chef, resolvi pensar a que Chef serviria uma bebinca. A bebinca é uma sobremesa indo-portuguesa deliciosa. Composta por 7 camadas (pelo menos!...), é uma sobremesa que requer tempo e paciência. Mas que compensa, em cada dentada...
Escolhida então a receita, o Chef. Tinha por objectivo convidar para jantar um cozinheiro português. E enquanto matutava quem, lembrei-me de um dos meus livros de culinária predilectos: o livro do Mestre João Ribeiro, o famoso Chef de cozinha do Hotel Aviz. É um livro pequeno, sem fotos ilustrativas das receitas apresentadas e, no entanto, é um livro cativante do princípio ao fim. Uma preciosidade.
Nascido em 1905, no concelho de São Pedro do Sul, João da Cruz Ribeiro veio para Lisboa com treze anos, para casa de uns primos. Iniciou a sua vida profissional como carregador de Carvão, numa mercearia do Poço do Bispo. Em 1921, iniciou-se na Arte da cozinha ao ingressar na brigada de cozinheiros franceses do Suíço-Atlântico Hotel da Rua da Glória. O seu talento foi reconhecido e passou a trabalhar com o Chef Clement Paurceau, no restaurante Tavares Rico. Depois de passar por outros hoteis e restaurantes de renome chega, em1934, ao Hotel Aviz, alcançando aí um elevado reconhecimento. O Hotel Aviz representava um dos mais emblemáticos hoteis da cidade de Lisboa. Era frequente a presença do então Chefe do Governo Oliveira Salazar, sendo o restaurante escolhido para muitos banquetes de Estado e outras cerimónias. Outro hóspede famoso do Hotel (e residente) foi Calouste Gulbenkian, que viveu no Hotel até à sua morte.
O livro, organizado por José Quitério, retrata episódios muito curiosos dessa época. As receitas que apresenta são interessantíssimas e comprovam que o Mestre João Ribeiro recriou e valorizou uma série de receitas portuguesas. A alta-cozinha aparece aqui em todo o seu esplendor, com um toque bem português na escolha dos ingredientes e no modo de confecção. Mas há também muitas receitas francesas, alemãs e de antigas colónias portuguesas. Chutneys e outros molhos. Sopas e Vichyssoises. Ingredientes exóticos e especiarias.
Daí que me atreva a servir uma bebinca ao Mestre João Ribeiro... Enquanto a saboreávamos, conversaríamos sobre esses outros tempos e, pegando nas histórias que vêm contadas no seu livro, procuraria saber mais sobre os faustos banquetes que preparava...
Nascido em 1905, no concelho de São Pedro do Sul, João da Cruz Ribeiro veio para Lisboa com treze anos, para casa de uns primos. Iniciou a sua vida profissional como carregador de Carvão, numa mercearia do Poço do Bispo. Em 1921, iniciou-se na Arte da cozinha ao ingressar na brigada de cozinheiros franceses do Suíço-Atlântico Hotel da Rua da Glória. O seu talento foi reconhecido e passou a trabalhar com o Chef Clement Paurceau, no restaurante Tavares Rico. Depois de passar por outros hoteis e restaurantes de renome chega, em1934, ao Hotel Aviz, alcançando aí um elevado reconhecimento. O Hotel Aviz representava um dos mais emblemáticos hoteis da cidade de Lisboa. Era frequente a presença do então Chefe do Governo Oliveira Salazar, sendo o restaurante escolhido para muitos banquetes de Estado e outras cerimónias. Outro hóspede famoso do Hotel (e residente) foi Calouste Gulbenkian, que viveu no Hotel até à sua morte.
O livro, organizado por José Quitério, retrata episódios muito curiosos dessa época. As receitas que apresenta são interessantíssimas e comprovam que o Mestre João Ribeiro recriou e valorizou uma série de receitas portuguesas. A alta-cozinha aparece aqui em todo o seu esplendor, com um toque bem português na escolha dos ingredientes e no modo de confecção. Mas há também muitas receitas francesas, alemãs e de antigas colónias portuguesas. Chutneys e outros molhos. Sopas e Vichyssoises. Ingredientes exóticos e especiarias.
Daí que me atreva a servir uma bebinca ao Mestre João Ribeiro... Enquanto a saboreávamos, conversaríamos sobre esses outros tempos e, pegando nas histórias que vêm contadas no seu livro, procuraria saber mais sobre os faustos banquetes que preparava...
Ingredientes
(Adapatado da receita do blog Mimos de Amigos)
6 cardomomos
400 gr de açúcar
4oo ml de leite de coco
300 gr de farinha
manteiga q.b.
10 gemas
(Adapatado da receita do blog Mimos de Amigos)
6 cardomomos
400 gr de açúcar
4oo ml de leite de coco
300 gr de farinha
manteiga q.b.
10 gemas
Preparação
Bater muito bem o açúcar com as gemas até duplicar de volume. Juntar o leite de coco e os cardomomos pisados e bater mais um pouco. Misturar a farinha e bater muito bem. Barrar um forma redonda e lisa com manteiga, deixando uma boa camada no fundo. Levar ao forno para aquecer a forma, a 180ºC. Retirar a forma do forno e deitar uma porção do preparado a cobrir o fundo da forma. Levar ao forno para cozer com o lume por cima (função "gratinar"). Quando ficar loura, retirar do forno e deitar nova camada. Repetir o procedimento sucessivamente, até se obterem 7 camadas. Depois de pronto, desenformar para um prato de servir.
Bater muito bem o açúcar com as gemas até duplicar de volume. Juntar o leite de coco e os cardomomos pisados e bater mais um pouco. Misturar a farinha e bater muito bem. Barrar um forma redonda e lisa com manteiga, deixando uma boa camada no fundo. Levar ao forno para aquecer a forma, a 180ºC. Retirar a forma do forno e deitar uma porção do preparado a cobrir o fundo da forma. Levar ao forno para cozer com o lume por cima (função "gratinar"). Quando ficar loura, retirar do forno e deitar nova camada. Repetir o procedimento sucessivamente, até se obterem 7 camadas. Depois de pronto, desenformar para um prato de servir.
Bom Apetite!
Participação no 2º Desafio do "Convidei para Jantar"
26 comentários:
Conheço uma pessoa que costuma fazer. Não é um doce que me agrade muito, mas é bom e o seu ficou perfeito!
Uma escolha excelente. Tanto no chef como no prato. Eu que não sou de sobremesas, gosto muito dessa. Infelizmente um dos poucos restaurantes indianos da Figueira fechou recentemente.
Um abraço
Escolha maravilhosa! :)
Apesar de trabalhoso, ficou lindo.
Babette,
Que excelente escolha de convidado e que sobremesa original, que simplesmente desconhecia.
Beijinhos
Gostei, uma receita que dá luta....mas que pela originalidade dá vontade de fazer.
Bjkas
Ora aí está uma sobremesa que gosto muito mas que só consigo comer um bocadinho. As primeiras garfadas são qualquer coisa de maravilhoso mas depois começo a ficar um pouco enjoada. No entanto, se houver bebinca, eu como sempre :)
Nunca provei, mas pela combinação de ingredientes devo gostar de certeza:)
Um participação cheia de história e saber, gostei muito de ficar a conhecer este chef e o seu percurso:)
Beijinhos.
Eu confesso não ser fã de cozinha indiana. Gosto q.b., não aplaudo tudo mas sei apreciar certas coisas que me deixam até com um sorriso na cara :)
E a bebinca é uma delas. Adorei a participação. E a paciência para a fazer :)
Um abraço.
Babette,
Bebinca é uma sobremesa que me traz sempre um sorriso. Tenho uns amigos que a costumam comer a meias (no restaurante) e dividem matematicamente as camadas!
Gostei muito de saber um pouco mais sobre o Mestre João Ribeiro e o seu livro. Obrigada pela tua escolha e pela participação neste Convidei para jantar.
Um beijo*
Babette,
Fiquei tão curiosa com este livro! Há anos que não como este doce, e deixaste-me com uma vontade de o experimentar fazer que n imaginas.
Obrigada por teres participado, já aprendi mais coisas, ganhei o dia. :)
Bjs
Diogo, Ondina e Ginja:
Não pode ser comido em demasia. A fatia da foto quase que é grande demais ;) Mas é uma sobremesa que me atrai. E de que gosto muito!
Guida:
Que pena, ter encerrado um dos seus restaurantes... Eu confesso-me apreciadora dessa gastronomia. Venha ao Mendi um dia ;)
CNS, Mónica, Carla e Tila:
Obrigada!
Alice:
Foi uma mistura um pouco inusitada João Ribeiro e bebinca, mas no final, também original;)
Suzana:
Obrigada eu pelo vosso dinamismo e pelos desafios saborosos que nos apresentam.
Ana:
Obrigada pelas palavras carinhosas. Ias gostar do livro certamente. Então se o lesses com uma garfada de bebinca a acompanhar... huuummm!
Babette
Vinda de Sintra há pouco:) Uma visita de estudo com os meus alunos, para que fossem ao teatro.
Não sabia que havia uma sobremesa chamada Bebinca. Trabalhosa. Em camadas. Oferecida a um daqueles chefs de cozinha. Fizeste bem em lembrar. Já não há a mínima paciência para os registos actuais que andam de "projecto" em "projecto".
Um beijo.
Mar
Com batota ou sem batota este jantar de Chef tem uma bebinca com um aspecto bem apetitoso
Olá Babette!!!
Desconhecia por completo a existência de uma sobremesa denominada Bebinca, e muito menos, claro, em que consistia.
Mas consigo ser ainda mais básica, porque também desconheço o cardamono, pois apenas o seu nome me é vagamente familiar.
Uma sobremesa assim às camadas, comprovadamente trabalhosa, só a faria mesmo tendo um atestado de qualidade vindo de ti ;-), para saber que valeria a pena.
Beijinhos e óptimo dia internacional da mulher
Olá Babette!!!
Desconhecia por completo a existência de uma sobremesa denominada Bebinca, e muito menos, claro, em que consistia.
Mas consigo ser ainda mais básica, porque também desconheço o cardamono, pois apenas o seu nome me é vagamente familiar.
Uma sobremesa assim às camadas, comprovadamente trabalhosa, só a faria mesmo tendo um atestado de qualidade vindo de ti ;-), para saber que valeria a pena.
Beijinhos e óptimo dia internacional da mulher
Nao conhecia mas parece-me bem... :)
bj
http://ladyaofogao.blogspot.com
Bebinca!? Aí está uma participação bem original. Desconhecia por completo esta sobremesa. E agradou-me conhecer um pouco mais sobre o seu chef eleito. Uma homenagem bem merecida porque bem nossa, portuguesa.
Beijinhos
Patrícia
Fascinantes, estes livros cheios de histórias. Não conhecia esta sobremesa, mas é daquelas de que, mesmo sem provar, sei que gosto. Tem todos os ingredientes para isso. Os cardamomos, muito especialmente. Adoro. Gosto muito de comida indiana. E, tal como a Guida, também me queixo de o único restaurante que existia na Terceira ter fechado.
Um beijo,
Ilídia
Já tinha ouvido falar em Bebinca, quando há uns anos li um livro muito interessante, passado com uma família de Goeses. Na descrição das refeições festivas, falavam da Bebinca e eu fiquei a pensar que seria uma bebida especial. Só agora, ao ler a tua participação neste interessante projecto, é que constatei que é uma sobremesa, e que sobremesa!!!
Também apreciei a tua homenagem ao Chef do Aviz, que com mérito próprio se celebrizou na época em que viveu.
Parabéns pela tua magnífica apresentação. Bjs. Bombom
Já fiz esta receita e em nenhuma das vezes ficou bem, tem a textura de um bolo normal e não o apundizado da bebinca. :(
Será por ter usado farinha com fermento?
Babette, não conheço essa sobremesa mas parece-me uma delicia.
Um beijinho
Não costuma responder aos comentários? Obrigada :)
Olá Cristina.
Desculpe mas só vi agora o(s) comentário(s). De facto, a maior parte das receitas consultadas indicam farinha sem fermento. Poderá explicar a diferença de textura. Entretanto vi que não tinha corrigido a quantidade de leite de coco em relação à receita transcrita. As receitas que consultei variam muito na proporção utilizada entre leite de coco e farinha. Talvez as que utilizam mais leite para farinha consigam mais facilmente obter a tal textura de quase pudim.
Deixo-lhe um vídeo que vi na altura e que pode ajudar.
http://recipeonclick.com/2011/06/bebincagoas-most-famous-dessert/
Babette, muito obrigada pela resposta. Vou ver o vídeo. :) Já é a 2ª vez que faço bebinca e em ambas aconteceu-me o mesmo... cá em casa já lhe chamam "bolinca", pois parece um bolo normal. A sua tem um ar maravilhoso, vou continuar a tentar :)
Agora que vi o vídeo penso que talvez não seja apenas do fermento, pois a consistência da minha massa era bastante mais sólida. Provavelmente precisava mesmo de mais leite de coco, tenho que corrigir. Obrigada pela ajuda.
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