Celebrar a amizade. O mais que pudermos. Memorizar o dia em que se conhece alguém significativo. No dia 15 de Dezembro era isso que celebrávamos. O facto de há exactamente "2 anos e 1 dia", a minha pesquisa de um "lombo wellington" me ter conduzido a esta amiga. O improvável ter acontecido. E isso significar muito. Há dois anos que as nossas vidas se cruzaram. E com uma naturalidade difícil de explicar, o que temos construído a partir daí. Muito na base da reciprocidade. Genuína. Querer estar presente na vida uma da outra. Querer bem. Querer fazer a sopa que nos soube tão bem da primeira vez que a experimentámos, querer dar a provar os rolinhos de azeitona que estão presentes na nossa mesa no pequeno-almoço de Ano Novo. Querer que o Vasco provasse o pão de noz, satisfazer o pedido da Mar e fazer um bolo de chocolate que é como uma nuvem. Querer pôr os pratos de que ela gosta desde o início, a toalha da casa da minha avó. Querer também antecipar o Natal (sem saber, na altura, que íamos jantar juntas no Dia de Natal!...), com cores e motivos que lembravam que esses dias mágicos e de partilha estavam quase a chegar. No dia 15 de Dezembro foi também um bocadinho Natal em nossa casa. Presentes trocados e escolhidos com cuidado. Pequenas significâncias a acrescentar ao dia.
E entretanto as conversas. A cumplicidade a arrumar a cozinha, a lavar e limpar os pratos que sobrevivem às gerações. Um pouco mais e serviu-se um chá. De chocolate, depois do Zé ter antecipado: "aposto que vão gostar." Uma mesa posta num ápice, na cozinha, e arrufadas com manteiga e doce de toranja. Mais momentos de partilha.
Prolongava-se o dia, e as horas iam passando. O convite estendeu-se ao jantar, que as horas já não eram próprias para se fazer uma viagem. E então o inesperado. A Mar disse que punha a mesa. Tão bom, ter uma mesa da Mar na minha casa. E juntas preparámos um jantar simples. Juntas não. Eu fui a assistente, enquanto a Mar transformava sobras em algo renovado e muito digno de ir à mesa. Um pastelão de bacalhau com raspas de Queijo da Ilha, o arroz de polvo revisitado na sertã, envolvido no vinagrete que sobrara, uma salada de alface e nozes temperada com um pouco de leite para amaciar. Os meus meninos eufóricos porque o António ia ficar para jantar. No fim, a sensação de coração quente. A transbordar de alegria. Há dois anos e vários dias que sim. Que é assim. Obrigada.
As receitas:
Pão de Nozes
Sopa de Rúcula e Feijão Branco
Arroz de Polvo com Perninhas em Molho Vinagrete
Bolo Chiffon de Chocolate
11 comentários:
Adorei! simplesmente lindo :-)
Babalu
e é tão bom celebrar a amizade :) preparar a refeição, enfeitar a mesa, receber as pessoas :) e tudo com tanto primor :) beijinhos
Lindo!
Que dizer?
Intrometer-me numa amizade tão linda, pura e genuína?
Descrita assim: com toda a simplicidade e dignidade que só as grandes amizades merecem.
Algo tão fantástico a acontecer no dia 15 de Dezembro, que para mim foi um dia tão, tão triste.
Daqueles que nunca mais irei esquecer mas, não por bons motivos.
A vida tem destas coisas, para nos mostrar os dois lados.
Duvido muito sinceramente que consiga transmitir o que sinto mas, só posso dizer MUITO OBRIGADA BABETTE pela partilha!
Através dela consigo equilibrar os pratos da balança e pensar nas voltas da vida: por vezes enrolam-nos e fazem-nos cair, outras enrolam-nos e trazem coisas maravilhosas!
Votos de um excelente ano!
Com amizade,
Sandra Martins
Foi um dia tão bonito. Disseste-o com as palavras certas. A sequência daquele dia. Feita destes pormenores. Das mesas. das coisas às mesas. Das pessoas aí reunidas.
Penso muitas vezes que, muito provavelmente, numa perspectiva meio cósmica, o sentido do meu espaço virtual passará muito pelo nosso encontro. Raro, não? Conhecer uma pessoa aos trinta anos e sentir que é como se nos conhecêssemos desde a infância. Partilhar as minhas alegrias. As minhas quedas. Enumerar as limitações, as falhas. E saber que acolhes.
E é como te disse há uns dias: acho que pensas que sou melhor do que sou. Penso isso e isto: acho que a tua/vossa amizade me faz querer ser um bocadinho melhor. Para ser digna destes gestos feitos dádiva.
Obrigada. Pela nossa amizade de todos os dias.
Um beijo.
Mar
Queridas amigas,tão diferentes e ao mesmo tempo tão complementares. Já é impossível pensar pensar ou falar da Babette sem que a associe à Mar. Acho que foi um privilégio ter conhecido duas pessoas muito especiais e poder acompanhar esta bela amizade.
um beijo
Fa
Que lindo post, Babette. Delicado e especial como a vossa amizade.
Um beijo,
Ilídia
Como sempre tudo cuidado ao pormenor e muito lindo!
Amizade é um presente para ser guardado para sempre.
Bom ano
Mi
Babalu e Mi:
Obrigada;)
Frango do Campo:
Tão bom receber como ser recebida!
Sandra:
Tenho pena que o seu dia 15 tenha sido triste. Há dias assim em todas as vidas. Mas bom que por uns segundos tenha visto um lado alegre desse dia. Bom que uma partilha sincera sobre a amizade tenha podido isso. Um ano muito bom para si, também!
Mar:
Já sabes que penso isso do cósmico em relação ao meu blog. Que terá sido um fio condutor, temperado a lombo wellington ;) E então gostaste das palavras. Para ti. Obrigada ;)
Fa:
A nossa Fada. Do encontro de um dia de Verão num local sem tempo. E sim, diferentes numas coisas, mais parecidas noutras e sobretudo complementares. E a querermo-nos bem!
Ilídia:
Obrigada. Palavras sentidas. E muito para dizer, que o dia foi lindo e comprido ;)
Babette
Um viva à amizade e à cumplicidade!
Parabéns às duas.
Bjs.
Maria
Muito bonita a comemoração à mesa de uma amizade que tenho seguido : ) da minha amiga que é Mar e da minha nova amiga Babette. Um gosto adivinhar-vos através das mesas ! Bonito que seja assim, uma série se pequenas coisas que somam um dia de recordar !
Veio contente a Isa, que no fim cozinhou na cozinha da casa branca !
Beijinhos para as duas.
da Pipinha
Maria:
Obrigada. Celebrar, sempre!
A minha nova amiga Pipinha:
A minha Mar e tua Isa refilou um bocadinho dos electrodomésticos muito modernos, mas saiu-se muito bem ;)
Babette
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